terça-feira, 28 de julho de 2009

Mudanças


Mudanças não são bem vindas, exceto se mudarem antes de chegar.
O homem se adaptou à mudanças ao longo de seu desenvolvimento.
São mudanças de todos os tipos e nas mais inusitadas situações.
E promessas de mudanças parecem fazer parte do repertório vocabular de muita gente.
Há mudanças e mudanças!
E, eu, prefiro estar longe delas.
Não sou afeito a rotinas, nada contra, mas as mudanças sempre costumam ser traumatizantes.
Elas sempre me encontram em uma esquina, em uma rua, em uma empresa; nestes casos tenho que aceitá-las e adaptar-me da melhor maneira possível.
Mas não falo destas; as que penso, são as que querem nos impor: mudanças de comportamento e às vezes até de caráter: "Se você não fosse assim, isto não teria te acontecido!", "Por que não tenta mudar um pouco pra ver se as coisas dão certo pra você?", "Este tipo de roupa não combina com você, te deixa mais velho/novo, use as que melhoram o teu aspecto.", "Procura algo que tenha mais a ver contigo e com a atualidade isto já está defazado!".
Esse tipo de mudança, pensado por alguém que sempre acha que te entende melhor do que você mesmo, é ruim, maledicente e altamente cruel.
Outro dia, vi um cartaz em um poste, não atentei para o conteúdo em geral, mas a chamada dizia assim: "Mudar é preciso!"
É, há muitas mudanças necessárias mesmo.
Mas, a mais vital, é aquela que parte de nós para nós mesmos.
Jamais aceito interferências em minhas "mudanças", ademais por que eu deveria?

Lamento


A criança está chorando.
E ninguém há que a acalente.
E não há nada que se prontificar.
As árvores não tem mais pássaros.
Ninguém há que ouça um som.
Não há ninguém que os possa devolver.
Os rios perderam a vida.
Sem ânimo por encontrarem o caminho para o mar.
E os peixes não nadam nas turvas águas da solidão.
As estrelas não brilham mais.
O céu deixou de ser observado.
Os namorados não são mais amantes.
E a criança ainda está chorando.
O Astro Rei corrompeu-se em força e brilho.
Seus raios ferem e matam.
Aos seus súditos castiga pela própria indolência.
A misteriosa magestade oceânica está em risco.
Não há aventureiros em seu reino.
E os que se aventuram morrem na praia.
O frescor da brisa não é mais suficiente.
O tempo desfrutável não importa mais.
A pressa aliou-se à perfeição.
E o cuidado foi deixado para trás.
Os carinhos não são compreendidos.
E o afeto driblou-se à frieza.
A criança, ainda assim, está chorando.
O choro reflete o riso que, perdido, se foi para sempre.
A esperança que faleceu em um feriado.
O que passou e não retorna.
A inocência manchada por gestos torpes e afeições enganosas.
Pela ausência inexplicavelmente sentida.
Pelo prazer que não ousa se sobrepor ao vazio.
A confiança rejeitada.
Verdade forjada no compreensão forçada.
Maledicência conjecturada por incertezas.
Gratidão trocada por uma "ninharia" de afagos vis.
A criança chora.
Ela não conhece o amor.
Ela sente dor.
Ela deseja inocentemente.
Sabe que seu choro será ouvido e abjetado.
Ainda assim ela chora, e continua assim, aqui, dentro de mim.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Permanência



Por que?
Estar,
Permanecer,
Ficar,
Partir,
Ir,
Retirar,
Porque
Estando não estava,
Partindo não partia,
e para sempre permanecia.

Despedidas


Adeus é uma palavra forte.
Mais pra quem vai.
Ainda mais pra quem fica.
Sentimos a perda materializar-se em nossas vidas, em nosso ser, como nunca imaginamos ser possível.
Mas alguém sempre nos diz adeus.
E nós dizemos adeus!
Àqueles que nos somam apreços.
Àqueles que nos torturam a alma em uma escravidão cega da qual não procuramos nos libertar.
E nos dizem adeus!
Aqueles por quem mais nutrimos um sentimento mesquinho.
Aqueles que entraram em nossas vidas sem bater às portas.
Uma despedida é um ciclo.
Um que se vai, um que permanece e, com certeza, outros que virão.
A vida não pára, jamais!
E a cada despedida devemos estar prontos para aceitar que ela foi apenas mais um elo de uma grande corrente que se uniu.
E as despedidas acontecem com mais frequência que as possamos perceber.
O dia se despede da noite.
A noite se despede do dia.
A vida se despede da Vida.
A morte chega e gera mais despedidas.
Namorados se despedem e nos despedem.
Maridos despedem esposas e filhos.
Mas todos encontram um novo lar, um novo lugar, um novo coração, um novo rumo, um novo caminho.
O que lamentamos é que na ausência do permanecer, não nos conformamos que ela tenha acontecido.
No entanto, existem despedidas piores. Aquelas que se dão sem se sair, sem se partir, sem se deixar.
É um estado odioso, lacrimável e mórbido. Que, ocasionado pela teimosia, gera a maior de todas as despedidas: a despedida de duas almas, que se desencontram e não se reencontram mais!

Ilusão



Penetre em minha mente.
Ensine-me um novo sonho.
Mostre-me um novo sentido.
Uma nova razão.
Ilumine!
Mostre-se!
Saber incurável.
Epopéia discutível.
Adentre o desconhecido.
Não espere por respostas.
Não espere a minha gratidão, ela não existe.
O que fez, ainda está guardado.
E permanecerá pela eternidade.
Ainda que as árvores mudem de lugar.
Ainda que os oceanos derramem.
Ainda que as estrelas façam morada entre os filhos dos homens.
E ainda que as árvores desfolhem na primavera.
Nada me fará voltar atrás.
Nada me fará retornar a ti.
Penetre minha mente!
Somos pessimistas e envergonhados.
Não minta à verdade.
Apenas transforme em sonho o pesadelo.
Crendo que jamais receberá o que dantes era teu.
Injuriarum remedium est oblivio!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Soma dos Talentos


Se a nota dissesse: - Não é a nota que faz a música! ...não haveria sinfonia.

Se a palavra dissesse: - Não é uma palavra que pode fazer uma página! ...não haveria um livro.

Se a pedra dissesse: - Não é uma pedra que pode montar uma parede! ...não haveria casa.

Se a gota dissesse: - Não é uma gota de água que pode fazer um rio! ...não haveria oceano.

Se o grão de trigo dissesse: - Não é um grão de trigo que pode semear um campo! ...não haveria colheita.

Se o homem dissesse: - Não é um gesto de amor que pode salvar a humanidade! ...jamais haveria justiça e paz, dignidade e felicidade na terra dos homens.

Como a sinfonia precisa de cada nota!

Como o livro precisa de cada palavra!

Como a casa precisa de cada gota de água!

Como a colheita precisa de cada grão!

A humanidade inteira precisa de ti!

Onde estiveres, ÚNICO e, portanto, insubstituível!

O que estás esperando para te comprometeres fanzendo sua parte?

Pense nisto...


By Michel Quoist

Baralho de um naipe...


O toque traz a vida em si!

Ele inicia na derme cálida.

As aparências não sustentam o acreditar.

Ele precisa de gestos que as comprovem.

E vive-se disto!

Direitos não humanizam o homem!

Eles o cegam mais e mais.

A mentira é insistente à porta.

O homem vive nisto!

Cálices pairam à margem do horizonte.

A pureza do sentimento é o som do ocaso.

A lealdade mitificou-se!

A fidelidade - negando-se Fênix - destrói-se nas próprias cinzas...

Companhias? Bah! Não importam! Não se valorizam-nas mais.

A ternura disse a Eternidade: -Tu és curta!

Sobre o Altar do Templo da Escuridão jaz a Inocência.

Para isto e por isto se vive!

Esta vida amada, queria e estimada.

Baralho de naipe único que não ousa-se entender!




As Rosa murcharam.


Os Espinhos florescem.


A Luz apagou-se.


A Escuridão reina.


Cessou -se o pranto.


Mas, ainda assim, não há felicidade!




Há risos nos lábios.


Ainda assim, a dor é profunda!


Os olhos tudo vêem.


A alma continua cega!


Tocam-me ardentemente.


No entanto, sua falsidade é gélida!






Há gestos digestos.


E a ingratidão continua real!


Há vivos redivivos.


Porém, a morte ainda é uma escolha!


Há mortos dissecados.


A vida opta, ainda, por seguir seu rumo!




O quão importante é seu curso?


Um hálito! Um sopro!


Brevidade paradoxal...


Nadar nos mares das trevas é tão somente andar sob o meu céu quando o sol ainda nele está!


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mentiras bem contadas; mal não intencional!


Um dia me disseram que existia Papai Noel!
Eu acreditei...
Um dia me disseram que sentimentos podem ser eternos!
E acreditei...
Alguém, um certo dia, me disse que certos acontecimentos podem ser esquecidos!
E eu acreditei...
Um certo dia, alguém me disse que, dentro de mim, só existiam coisas boas e que eu deveria despertá-las!
E, mais uma vez, acreditei...
Me disseram que fora de mim havia de tudo, e, eu deveria assimilar apenas o que quisesse. Não me disseram que não poderia assimilar tudo!
E eu, mesmo assim, acreditei!
Após alguns dias. Após dias maus e outros nem tanto, percebi que Papai Noel não vem apenas uma vez por ano. E que ele não "é" um idoso bonachão que desce pela lareira.
Após alguns dias, aprendi que sentimentos podem ser lançados às tempestades e amainar junto com elas.
Alguns dias maus depois, vi que acontecimentos sempre pesam em quem me tornei. E que eles são a figura indelével de um passado que, jamais, retornará.
Depois de alguns dias, notei que sou um poço de tantas coisas; e que em mim pode ser retirado e posto, muita coisa, além do que eu venha a querer.
Alguns dias idos, vi que não posso assimilar apenas o que quero. Aprendi que tenho que assimilar o que a vida me proporcionar.
Percebi que acreditamos em tanta coisa. No que nos dizem. No que nos impõem. Naquilo que nos apresentam!
Podemos acreditar! Acreditamos! Mas deveriam nos ensinar a não nos frustrarmos quando descobrissemos a verdade sobre elas! Tornaria a sua pós-assimilação ou aceitação mais prática e fácil!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Existência não-sublimada...


A tua energia é contagiante!
O nome que não se deve pronunciar se afastou dos meus lábios...
O termo não conceituado, passa a fazer sentido.
A tua beleza suprema flui sobre a tímida existência.
O imutável, mudou-se às estrelas...
O ar da graça manifesta-se através da minha obscura teimosia em ser.
A tua força de vida sobrepõe-se a inércia de uma outra vida!
O sentimento desconhecido volve-se ante o véu da minha ignorância...
O sonho deixou, há muito, de anteceder o pesadelo.
A tua generosidade abalou o cismo do meu ego!
O gesto não-entendido gerou compreensão...
O ouvir tornou-se agradável ao toque.
A tua existência fez reviver o sonho adormecido!
O que não era, agora é...
O que não havia mostra-se sem aparências.
A tua voz repele os ecos da escuridão!
O teu grito sobrepuja os temores...
O teu arfar relembra o que dantes galgava ao poço do esquecimento.
A tua razão propõe a segurança!
O teu falar transmite luz ( E como dela havia eu fugido!)...
O teu ser irrompe ao ninguenetismo.
A tua discórdia afaga a sabedoria!
O teu duvidar corrói a certeza ( E como estive incerto!)...
O teu olvidar inflama o berço de parcas palavras lançadas ao vento.

Ciência Iterativa: Experimentos no Século 21.


No fim do século XIX, para se fotografar o Rio de Janeiro - o que hoje chamamos de "vista aérea" - Marc Ferrez levava uma câmera de aproximadamente 35 kg e pesadíssimas placas de vidro, como filme. Afim de evitar o transtorno no transporte de similar "carga" se fazia necessário "acertar de primeira". O filme de rolo foi inventado, então, por George Eastman. Excelente! Mas havia algo errado, para que se trocasse o filme a câmera precisava voltar para a fábrica. Há alguns anos, o filme de 35mm - que ainda possui seus amantes hoje - fazia uma boa foto a cada 100 ou 200 tiradas, e isto não é exagero, uma luz não notada, um ângulo mal calculado, um atraso ou adiantamento de tempo, etc. Atualmente, apertar o obturador teve um custo que caiu a zero, com as digitais. Ferrez tinha de pensar e medir, calcular e observar muito antes de tirar uma foto. Hoje, o furor com que se fotografa, representa a esperança de que pelo menos uma preste. No cinema deu-se algo parecido. A filmagem era uma operação caríssima. Então, na era digital, o vídeo regravável provoca a grande tentação de se gravar horas a fio, para aproveitar minutos aperfeiçoados com o uso do computador.
No teatro, são necessários repetidos ensaios e rigor para que se torne fluida a representação todas as noites do espetáculo. No cinema, repete-se a cena até que ela fique "vível". Por tentativa e erro, acertamos! Percebe-se, tire a prova, que a cada dia que passa cresce o número de cinemas e não de teatros. Que dizer da música ao vivo? Só nos "Bailes Saudade", dublar é mais simples e menos cansativo para o "artista" uma vez que ele passou e repassou diversas vezes a melodia, rítmo e letra no estúdio; a melhor versão é transferida aos discos que podem ser regravados em centenas. Ao invés de uma busca reflexiva e rigorosa da melhor técnica e estética aceitáveis, pensamos acertar em função de uma busca reiterada de tentativa e erro - a isto chama-se iterativismo. Não pensamos muito, vamos fazendo aleatória e profusamente na esperança de que "dê em alguma coisa". É a "arte lotérica".
A prova de escolha múltipla que contrabandeia um elemento de tentativa e erro no processo de resposta. Se a alternativa C não pode ser correta, é eliminada. Abandonando-se as respostas erradas, tenta-se as que mais se aproximam da correta. Como se não fosse o suficiente, existem computadores que corrigem redações tão bem quanto humanos: dão notas sem entender o que foi escrito!
Sherry Turkle - minha prezada autora e socióloga, sobre qual trabalho teria defendido meu mestrado - mostra como os jovens transformam um jogo de computador em um processo de tentativa e erro que ignora completamente o conteúdo educativo - as ditas pesquisas escolares suplementares via rede - não se lêem as informações, não sabe e tem preguiça de ler para saber o princípio do que está sendo ensinado. São experts em procurar respostas por experimentação - não importando o significado. As lições que se pretendia ensinar embasando-se no jogo, ele afastou-se completamente delas. Nada mais faz do que imitar o computador: tentativas e erros para solução de problemas, por mais que não entenda o que está fazendo..
A propaganda e o marketing - que infestam as avenidas e ruas das cidades em grandes out doors - dirigem seu apelo a um público não visado - específicamente. A internet permite o spam sem destinatário certo, que vale a pena por ser grátis. A medicina clássica, utilizadora do "olho clínico" e a apalpação pelos médicos, que eram capazes de examinar e emitir um diagnóstico perfeito, foi também substituída pela experimentação através de uma guia com uma bateria de exames, para "ver o que aparece". Até os casamentos foram inundados pelo iterativismo. Tornou-se comum ouvir alguém de dizer: "- Ora, se~não der certo, separe!". E tenta-se novamente até que enfim se acerte.
Não que nunca houve iterativismo, mas o progresso tecnológico nunca antes experimentado pela sociedade o retirou do "meio científico" e impregnou toda a sociedade com o mesmo, em detrimento do raciocínio, o foco de atenção a concentração e elaboração intelectual. Daí perguntamos: avanço ou retrocesso? Teria que apresentar uma resposta relativa. Os problemas cresceram, sem dúvida. Por que não tentar usando a tecnologia? Cansa menos, é mais cômodo, não ter que ficar "batendo cabeça". Restará mais tempo para se dedicar a outros prazeres (família, círculo de amizades, religião - se pudermos dizê-la um prazer). Nascerão outros Mozzarts, Beethovens, Shakespeares, Machados de Assis, Camões? Para pensarem e repassarem a história de uma concepção de vida? Quisera eu ter a resposta!

domingo, 5 de julho de 2009

Frases Legais

Fumo maconha, mas não trago, quem traz é um amigo meu - Marcelo Anthony

O que te engorda não é o que você come entre o Natal e oAno Novo, mas o
que você come entre o Ano Novo e o Natal - Solange Couto.

Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem quetrabalhar na segunda e na sexta? - Dorival Caymi.
Para seu marido não acordar com a macaca....Depile-se - Cláudia Ohana.

O homem é um ser tão dependente que até pra ser corno precisa da ajuda da mulher.Pra ser viúvo também - Principe Charles.

Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, porenquanto, ainda não há terra em cima - Dercy Gonçalves.
Cabelo ruim é igual a bandido...Ou tá preso ou tá armado - Ronaldinho Gaúcho.

Preguiçoso é o dono da sauna, que vive do suor dos outros - Roberto Justus.
Não me considere o chefe, considere-me apenas um colega de trabalho que sempre tem
razão - Galvão Bueno.

Malandro é o pato, que já nasce com os dedos colados para não usar aliança - Zeca Pagodinho.

Mulher gorda é que nem Ferrari...Quando sobe na balança vai de zero a cem em
um segundo - Reginaldo Leme.

Se um dia a vida lhe der as costas...Passe a mão na bunda dela - Paulo Cesar Pereio.
Os psiquiatras dizem que uma em cada quatro pessoas tem alguma deficiência mental...Fique de olho em três dos seus amigos. Se eles parecerem normais, retardado é você - Antônio Palocci.

Se homossexualismo fosse normal...Deus teria criado Adão e Ivo - Gilberto Braga.Todo mundo tem cliente. Só traficante e analista de sistemas é que tem usuário - Bill Gates.
Mulher de amigo meu é igual a muro alto....sei que é perigoso, mas eu trepo - Chico Buarque.

Casamento começa em motel e termina em pensão - Romário.

Seja legal com seus filhos. São eles que vão escolher seu asilo -Itamar Franco.

Antigamente, o homossexualismo era proibido no Brasil.Depois, passou a ser tolerado.Hoje é aceito como coisa normal...Eu vou-me embora antes que se torne obrigatório - Arnaldo Jabor.
Passar a mulher pra trás é fácil. O difícil é passar adiante - Eduardo Suplicy.
O Brasil está igual a carro velho: para subir não tem força, para descer não tem freio - Dilma Roussef.


From: Samuel Brasil

Minha amiga, a rosa...


Nós somos tão pouca coisa
E minha amiga, a rosa me disse esta manhã
'Na aurora eu nasci, batizada com orvalho
Eu desabrochei, feliz e amorosa
Ao raio do sol
À noite eu me fechei
E acordei velha
Eu fora linda
Sim, eu fora a mais linda
Das flores do seu jardim'
Nós somos tão pouca coisa
E minha amiga, a rosa, me disse esta manhã:
'Veja o que deus me fez
Me fez curvar a cabeça
E eu sinto que caio
E eu sinto que caio
Meu coração está desnudo
Tenho um pé na cova
Logo não serei mais
Você me admirava ontem
Eu que eu serei pó amanhã e para sempre'
Nós somos tão pouca coisa
E minha amiga a rosa, morreu esta manhã
A lua esta noite velou minha amiga
E nos meus sonhos eu vi
Encantar as noitesSua alma que dançava
E antes de eu a reconhecer
Sorria para mim
Acreditem no que quiser
Por mim, eu preciso ter fé
Senão eu não sou nada
Ou nem tão pouca coisa
Foi a minha amiga, a rosa
Quem disse ontem de manhã

Tradução de: Mon amie la rose, de Françoise Hardy.
Veja mais em: http://www.françoise-hardy.com/

sábado, 4 de julho de 2009

Romeu e Julieta


(Minificções)


Ele a esperou na porta do colégio. Com quinze anos, era a primeira vez que se aproximava de uma garota. O rosto queimado, ele conseguiu perguntar se podia acompanhá-la. Ela disse que sim.Sentindo-se ridículo e nervoso, ele perguntou se ela estava com pressa. Ela falou que não. Então ele perguntou se ela queria ir ao cinema. Ela disse que sim.Não conseguindo concentrar-se no filme, ele olhava disfarçadamente para ela. Seus olhos se encontraram e ela sorria, dando-lhe a mão.E ele perguntou, de repente, se podia beijá-la. Ela disse que sim. Então seu coração bateu mais forte, porque ele tinha certeza de que, finalmente, as coisas começariam a acontecer.


Texto atribuído à Sérgio Sant'ana.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Porta da Escuridão


Deixa-me entrar por ti!
Não há mais motivo para uma existência.
A existência parca. Dissociada da vida e da razão.
Deixa-me entrar!
As sombras envolvem-me desde fora.
O nome não é mais ouvido.
Deixa-me!
Sentimentos se perderam no acaso.
E o ocaso não tem razão de ser.
Deixa!
Não quero estar perdido na luz.
A luz não me afaga.
Deixa!
Me cinge os olhos.
Argui-me e me condena.
Deixa-me!
Mantos me aquecem mais que o que preciso.
Mantos do véu que estende o Astro Rei.
Deixa-me entrar!
Prefiro a ti que me conforta.
Que me cala frente a outra existência.
Deixa-me entrar por ti!
Eu que já relevei.
Eu que já pensei...
Deixa!
Envolve-me com o teu manto negro.
Põe-me um anel de impiedade.
Deixa-me entrar!
Calça-me com a discórdia.
Prepara-me um banquete de vaidade!
Deixa!
Lança-me em rosto que estou em ti.
Para sempre em ti!
Deixa-me entrar por ti!
Porta da Escuridão, anelo dos sábios.
Desventura de iluminados.
Deixa-me entrar por ti!
Para sempre estarei.
Para sempre atrás.
Deixa-me entrar por ti!
Porta da Escuridão.
Janela do meu eu.
Deixa-me entrar por ti!
Deixa-me entrar!
Deixa-me!
Deixa!

A luz... O túnel...


Por muito tempo diz-se que sempre há uma luz no fim do túnel. Não se sabe, porém, nem se explica também a que luz se refere. É simples: o túnel existe e a luz está lá, no fim dele. Pois bem, a verdade possui facetas diversas, e, não é o fato de não conhecermos qualquer uma delas que dir-se-á que não seja, de fato, verdade. Assim também a Dama de Pernas Curtas. Não é por não conhecer a verdade em detrimento a algo que podemos afirmá-la mentira, vice-versa! Entretanto, a luz continua lá! O túnel permanece incolúme em seu lugar, em seu fim está a luz! Sobre esta luz, poderíamos dizê-la verdade ou mentira, dada a nossa compreensão e / ou aceitação do fato como verdadeiro ou mentiroso. E requer análise. E requer sistematização de pensamentos. E requer visualização das limitações do outro. E requer compreensão. O fato de haver o túnel com uma luz, é bem verdadeiro. Mas, não se sabe se a luz no fim do túnel, foi propositadamente lá colocada para confundir ou se ela está lá de forma natural e permanente. Diz-se da luz natural aquela que existe sem que tenha sido produzida sob o manto da ciência humana. Quando se traz uma luz com o intuito de confundir, propositalmente, postada em um ponto estratégico para que surta o efeito desejado, induz-se ao erro. Ah! E muitos túneis possuem luzes deste caráter! São luzes que não dissipam as trevas, paradoxalmente a isto, elas às trazem ao epicentro do ser humano. Conseguem assim, com sua armadilha emocional, sentimental e de qual seja a ordem, alijar toda a esperança que se mantinha em relação à tal luz. E existem, contemporaneamente, mais e mais "jazidas" desta luz, deste engodo. Esta "luz", poderia ser chamada de mentira? Poderia ser denominada como verdade? Poderia sim, e não! Poderia ser intitulada de mentira, e acredito que isto seja de aceitação geral. Mas e quanto à ser rotulada de verdade? Que verdade seria ou haveria aí? A simples verdade: Quem construiu o túnel? Nós mesmos? Se não, quem fantasiou a luz - prematura - no fim do citado? Nesse caso ela pode ser verdade, é certo que uma verdade extemporânea. Noutro momento poderia ser útil à alguém. O nosso momento não era aquele, a fantasia nos levou até o momento deslocado no nosso tempo. Sinteticamente, poderíamos dizer que há túneis verdadeiros com luzes de verdade na outra ponta, ao mesmo passo que existem túneis falsiosos com luzes mais ainda. Mas e a existência de túneis verdadeiros com luzes falsas ou túneis falsos com luzes verdadeiras? Toda a verdade existe! Toda a mentira é real. Infelizmente esta se pressupõe aquela.
Acreditemos sempre: a luz, há sempre no fim do túnel! Mas cabe a nós decidimo-la verdadeira ou mentirosa.