sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Os choro dos gêmeos se ouve no amanhecer.
Vida dissoluta e aprazível.
Seu choro põe as amas em riste.
Perversa competição!

(- Não preocupa-te tanto: Há que um viva!)

Choram os gêmeos ao adolescer.
Pragas alquebradas.
Poesia vazia, não sabem escrever.
Desvairada vivacidade!

O moço mira-se ao espelho.
Fria superfície maltrata sua existência.

("-Não há gigantes. Até mesmo os fortes caem!")

Debilidade vencida.
Fealdade prescrita.
Medo trancafiado a sete chaves no Baú do Silêncio!

Sai o lobo ao luar:
Brinda-lhe os homens ao seu uivo.
Existência suprimida de vida!

Alcatéia dilacerada.
Perdão aviltado por chaga mortal.
Luar esplêndido a banhar-lhe as lágrimas.

A maldição quebrada jaz.

("Há que um viva!")

Os gêmeos o deixaram de ser sacrificialmente!
A morte fora enganada.
A vida fora tragada!
Prêmio ao vencedor: morte homérica jamais esquecida!

"R.I.P. Dannie loved brother, loved son, loved friend!"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A moreninha


Com aquele seu jeito tresloucado de andar, se balouçando entre as paineiras, Joana voltava da fonte, com um tanto de roupa lavada em cima da rodilha.
 Por trás de si ia deixando um cheiro de limpo, e todos paravam seus afazeres para a ver.
 Havia que uns 12 pra 13 anos que por lá se deixava. Ninguém sabia ao certo de onde viera, por certo mais uma mestiça fugida dalguma senzala.
 Era vistosa de se ver. Cabelos longos e levemente volumosos aos cachos, olhos grandes e amendoados, pernas perfeitas de quem as usava na labuta. Seu rosto tinha um que de medo, sofreguidão, aparente a quem falta paz n'alma.
 Morava numa casinha de paina a beira da tolé. E por lá não se via macho acabrunhado. Elas os tocava na menor faina. Era respeitosa, apesar de simples e humilde lavadeira.
 Pois bem, voltanto a cena dagora, ela levava um pá de roupas à rodilha e a água da roupa recém lavada recendendo a limpeza ia-lhe caindo por sobre os ombros e escorrendo caminho à terra.
 Naquele rés de chão isto era um despropósito! Se era! As beatas ao lha verem passar benziam-se repetidamente e chilreavam um "credo em cruzes". Mas nem te ligo! Ela ia muito prazenteira em frente, balouçando seus quadris milimetricamente desenhados, a deixar os machos do local com os queixos por si.
 Eram três os dias da semana em que a viam ali passar. E em todos esses dias, ela não lhos dava o olhar sequer. Ia segura, com sua meia saia presa ao cós, balouçando suas carnes tal uma passista da Conjuração.
 Já por aqueles dias, tinha torcido o tornozelo, mas, qual nada, ainda assim, descera a fonte a fim de cumprir o ritual que se propunha e ganhar o seu sustento.
 Brio. Uma palavra que definia o trabalho, a vida e o caráter da Moreninha dos Alfaiates, pois que lhos trazia sempre o tecido limpo após lhes deixar o beque uma poeira só.
 Pena mesmo, o dia em que desapareceu. Foi-se por esses cafundós sem deixar rastros.
 Quebrara-se a harmonia do arraial.
 Sumira-se a moreninha!

Zu ewigkeit!

Bellum Patriae!

Há uma guerra de vencidos, no âmago meu.
O calor humano, importante, já não se faz mais.
Beijos insanos em troca de lamentos.

As folhas caem do outro lado da janela.
Desfazem-se de laços!
Eclodem-se, em fúria, frutos de tarântulas.
Cadenciadamente batem suas asas, as aves em retirada.

As luzes de postes, nas ruas, iluminam círculos perimetrais.
Absortos em suas preocupações, afagando o movimento da vida, os homens correm de um lado ao outro.
Os cabelos dos amantes são oscilados por uma brisa em promessa.
Conduzem ao esquecimento, seus beijos ternos.
Carícias afáveis detonam um mundo de hormonais sensações.

No interior, guerra!
Ó, homem! Não dá-se a entender!
Lamento-me pela crueldade do beijo em flor!
Há quem não queira viver a vida?

Aqui dentro (em guerra) há um coração sorvido pela dor.
Ânsias não premeditadas por um enlace.
Sonhos que se perfazem, a anos-luz, para, logo em seguida, serem lançados ao abismo da realidade.
Não há tempo...
Há guerra!

No vão da minha tola sabedoria ocorrem-me os pensamentos.
Por tais veias insone trêmula rápido o meu sangue.
Ocre é o sabor que conhecia até agora.

Provocam-me desprezo as cores que eu julgava ver (si non habet caritatem).
Quem é você, não sei (non dico ipse!)
O que você seria, a vida não me deu o direito de saber (fili mortuus).
Abrandavam-me o coração suas confidências (lacrimae clamor desperates).
Cortesia à minha dúvida me deram certeza (aliqis infamis).
SIM! Caminhar só é meu destino (pro peccatus poenitentiam).
Lentamente no meu deserto (target vacua et humilies)

Há, sim, uma guerra no meu interior!
(Est potius bellum patriae!)


Zu ewigkeit!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando eu ouvir meu NÃO!

Ainda não ouvi meu músculo pensante dizer um não e voltar atrás...
(Exceto por interferência daquele que pulsa!)

Hoje destaco-me do "mundo",
Não mais serei refém de dissabores...
Não mais me provarei em desamores;
Serei apenas Eu!

Não mais sentirei dor
Não mais verterei gotículas salutares
Não mais viverei
Não mais serei refém de mim mesmo!

O ouvido se cerra a várias ações.
O tato nem sequer pode ser ouvido.
"Pérolas aos porcos", diriam-me então...

Talvez se eu tivesse ouvido
Talvez se eu tivesse enganado
Titubeado ou mentido...

Maldita seja a verdade que me aprisiona
Maldito seja o horror da noite em que nasci
Maldição de mentira tem sido o nascer do sol
Uma bênção a cada dia mais ausente...

Uma música sem autor
Uma nota sem tom
Uma letra ao que não sabe ler...

Vida tola e dissecada de sonhos que jamais se miram
Morte esperada e atroz demais para ser compartida
Fragmentos de mim que não negativam
O tudo no todo em vão se dissolve!

E ninguém me ouve...
O clamor intenso de uma anima
O rumor sóbrio de um pulse tangite
Ninguém me acredita o NÃO!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Incontinência

Incontinência insana, meu viver
Qual ave que, perdido o bando, voa sem rumo.

Louco.
Triste!

Espinhos da morte são-me uma ponte para a vida!
Não há verdade que se queira ver!

Um temporal, antes, noite claria...
Inverno, antes, primavera em cores e odores...
Coração dilacerado por uma vida insípida...
Flor sem vida, vaso sem água...

Alma errante na escuridão!
Há verdade que se queira ver?

Incontinência insana, meu morrer.
Navios, leme podre ao mar.

Tristeza.
Insanidade!

A vida é-me um espinho agudo tragado das garras da morte.
Por aqueles que me amam ao me prender!

sábado, 27 de novembro de 2010

Duas horas....


Duas horas da manhã - eu me sento aqui

Tento escrever algo sobre saudade
Eu olho para dentro de mim
O espelho que se encontra com a realidade

Eu quero você aqui ao meu lado
Eu não quero que você desista
- amor... -
Eu quero ser o teu apoio
Como você fez no passado, por mim

Vamos fazer nosso futuro!

Você sabe, o quanto eu gosto de você?
Prometeu estar sempre comigo!
E nunca pode me deixar!
Você me dá tudo, deixa eu me doar para você...

Tudo o que sou por "110 anos"

E acho que como mais uma semana se passou
Não consigo mais ver quem sou
Não por dentro

Uma foto me lembrando do passado...
Sépia e sem graça!
Rasgo-a, desfaço-me dela!
Quero uma imagem vívida do futuro que se me aponta!
Dá-mo a mim?

Por te querer ter para sempre te perco na eternidade!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Outra Casa


Por minha porta hoje entraram
a esperança morta
e a razão cega
Cantaram, banquetearam-se e me beberam o vinho da dor
aqueles que não mais vivos estão.

Eu destruíra a tudo e a todos,
Não me sentia forte...
Espinhos me ferindo o caminhar!

Coberto por lamúrias de viúvas numa noite azul.
Apaguem até o último raio do sol.
Que eu não mais veja a lua a gelar-me a saudade.

Uma fera sem beleza mendigando afeto.
Disto me tenho feito!
Quem quereria me abrigar?
Alguém me poderia dizer: - Viva!?!?

Natimorto nesta dor...
Vivendo sem sonhos
Andando sem mover-me do lugar!

Corvos e moxos me guiam ao meu lugar,
Vislumbrar a face do Homem!
Adindo forças do tormento.
Alma sacrificial por migalhas de virtude.
"Fora da visão, longe do tempo, pra sempre distante da mentira"

- o retorno à Outra Casa
Janelas douradas no horizonte
Portais Eternos dias e noites a fio.

A vida é um doce aroma não pressentido por quem morto jaz!


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Que Não Vejo...

Como se não bastasse a cegueira física, ainda me sobrevém a cegueira na'lma!
Sou cego por que não consigo crer!
O pior cego (ainda que vendo não acredita...)!
Os ecos da minha alma vazia perfazem-se na escuridão!

Infelizmente...
Não consigo ver-te em distância.
Cego estou.
Não consigo ver a tua ausência.
Cego sou.

Não poderia acreditar que um sentimento tão bem regado,
Por um ribombar de Zeus pudesse ruir-me os castelos...
Não aceitaria se mo dissessem os demais,
Ainda que relutante ficasse.

Ainda lembro da primeira flor que vi.
Ela não tinha cor e era sem perfume.
A manhã era de primavera, e os pássaros cantavam no arvoredo.
À mim sempre foi, sua música, outrora, o mais mavioso acorde a ouvir.

Ainda lembro do primeiro pássaro que ouvi cantar.
Eram arrancos roucos de solitária densidade.
A tarde era fria e lamacenta, e as flores murchavam sob as intempéries.
À mim, sua aparência, o era mais bela assim.

Não te vejo longe de mim.
E tu o consegues.
Não te vejo longe dos meus abraços que tanto anseiam por ti.
E tu o vislumbras.

O meu vil sentimento atarrachado ao cardio nada significa.
- Antes eu não tinha um coração, ardia um pedra ao peito... -
O meu olhar impaciente por uma fé morre ao meio dia de verão.
As pedras me ferem a audição!

Antes que os pássaros voassem em sua primeira melodia...
Antes que as flores enchessem o ar com suas cores melancólicas...
Antes que houvesse dia na primavera
e,
Antes que caisse a noite no inverno.

Não te quero mais ver.
Não te quero mais.
Não te quero.
Não!

O que não vejo...
O cardio pusilânime no meu proeminente peito entrego-te (a letra que merecias!).

Zu... Ani Shelach!

Zu ewigkeit!

domingo, 14 de novembro de 2010

"........ > Vivere < ........"

Eternidade!
Qual seria o seu melhor alento?
Certamente não o poderia saber o homem...

E tenta andar mais que o que consegue,
E tenta viver mais que o que é possível,
e tenta amar, alguém que não sabe o verdadeiro significado de tão puro sentimento!

Planos e projetos são passos primeiros de um exílio não fundamentado.
Sonhos e desejos que nunca se concretizarão!
Engana o homem ao seu próximo...
de atroz e voraz maneira que nem ele mesmo poderia sentir a paz em si!

E tudo se acaba...
O vazio enunciado é, agora, realidade palpável.
Engodo é o caminho traçado pelo homem.
E nâo o vêem em humanidade.

O mais vil animal não conseguiria distinguir sua anima,
A mais horrenda criatura não conseguiria enxergar a fealdade d'alma.

A besta nas urzes!
O quadrúpede nos pedregais.
Um urso que urra as piores notas de uma melodiosa dor.

Ó homem, desperta-te!
Não te é dado o poder de dar, menos ainda o de tirar, a Felicidade.

Não engana-te a ti mesmo!
Mira-te no teu olho os espelhos das águas,
e aprende com aqueles que jamais te poderão ensinar!


Zu ewigkeit!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Cântico de Miriam

"Só o Eterno é D'us!
El é o único Senhor!"

Ontem estive pensando sobre Miriam.
A irmã do Profeta Moisés.
Isto mesmo!
A irmã do homem que tirara o Povo de Deus do deserto.

Fico pensando nas exatas palavras que ela cantou...
"Só o Eterno é D'us!
El é o único Senhor!
Pois que lançou ao mar o cavalo e o seu cavaleiro."

Eu nunca estive em latente estado de escravidão.
Mas ultimamente tenho sentido muito isto...
Uma libertação tão grande...
Tão assustadora e jamais imaginada.

"Por que o Eterno tem a Terra por estrado dos seus pés e o céu é o seu lugar de descanso"
Pois o que haveria impossível para El?

Miriam estava certa.
Uma mulher que outrora fora retirada do seio do seu povo...
Amaldiçoada...
Leprosa..
Pótrida...
Fétida...

Tal não poderia fazer eu?
Antes tal como Miriam e agora tal como ela ainda?
Do esgoto saindo para vestir vestes reais e por aos dedos anéis nupciais.

Também eu, hoje, posso dizer:
"Só o Eterno é D'us!
El é o único Senhor!


"Se vós atentardes ao Eterno, o seu D'us, e fizerem reto aos seus olhos, se ouvirem e obedecerem os seus mandamentos, não será lançado sobre vós nenhuma mácula, pois eu sou Yehovah Hafah!*".




*O Senhor que vos sara.

sábado, 14 de agosto de 2010

Palavras dissecadas...

"Os rios sempre correm para o mar", sempre ouvia isto dos meus predescessores.
Na verdade não entendia muito o que queria dizer...
Mas, mesmo na cega ignorância, achava bonito este enunciado.
Hoje, hoje mesmo, hoje dia, não o hoje tempo.
Neste momento exato, achei-me descobrindo o seu significado.
Toma-se que o mar seja uma vivência exacerbada de vicissitudes, e o rio seja a pessoa em si.
Lembrei-me de pessoas que conheci.
Me atormentam os pensamentos pessoas que conheço.
Pessoas que se tornaram especiais por mostrarem aquilo que não são, por demonstrarem quem, talvez, queiram ser.
-
Eu não quero ser uma pessoa melhor, dane-se o mundo!
Quero ser apenas eu mesmo.
-
Entretanto, muitas pessoas o dizem a mim: "Quero ser uma boa pessoa!"
Toscas, tolos seres humanos, inúteis em sua forma de pensar.
Eu não quero ser melhor, pra absolutamente ninguém, exceto pra mim mesmo.
Não quero parecer legal e deixar que pensem que sou assim.
Não quero dar demonstrações de uma força a mim desconhecida.
Eu sou sim uma pessoa ruim.
Egoísta em mim mesmo, e, pasme-se quiser, nunca fiz mal a ninguém por ser eu mesmo.
Outros por outro tanto já o fizeram.
O que acontece é que, quase todas as pessoas, possuem um mundo obscuro e dele usam pra fugir do que seria uma temerária, mas nem por isto menos, realidade.
Adoro a minha realidade!
Amo a minha vida e aquilo que se expressa dela e por ela.
Adoro passar dias sem ter dinheiro pra pagar sequer o ônibus!
Adoro ter que trabalhar mais que muita gente e ganhar menos do que aqueles que sequer sabem o valor do trabalho.
Gosto muito de ter que passar uma necessidade que me reafirma a minha identidade perante quem quer que seja.
O julgamento dos outros, danem-se.
Não os façam por minha causa.... Não me valem de nada e a eles presenteio os meus pisoteios de desprezo.
Talvez, aí, se encontre a minha força ou fraqueza maior, como o poderia saber?
Vivo uma vida plena em todos os sentidos.
Aqueles que se fazem meus amigos o fazem porque me aceitam.
Aceitando-me recebem um pacote real, não uma figurinha colado fora do seu lugar num álbum qualquer.
Não gosto de liberdade: sou preso no meu próprio ego.
Oh! E quão malicioso ele pode ser!

Como sempre me dispeço: Zu Ewikgeit!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Experiências

Eu prometi tentar.
Eu o fiz.

O progenitor do menino morto provou-me não haver amor.
Eu tentei provar o contrário.
Sua mãe provara-me que as lágrimas, tal qual chuva temporã, lavam a alma.
Eu tentei banhar-me em um oceano de dúvidas.

O sentimento imerecido raio no horizonte.
Eu tentei merecê-lo.

A distância e a paciência apresentaram-se invencíveis.
Eu, ainda assim, tentei vencê-los.

O perdão alargou-se incompatível.
Eu tentei igualá-lo.

A virtude dissoluta expôs suas garras cruéis.
Eu tentei não sentir dor.

Um escudo fosco demonstrou-se como melhor opção.
Eu tentei inutilizá-lo.

A paixão, qual revoada de gaivotas sobre as ondas do mar, tentou aplacar a razão.
Eu tentei agir racionalmente.

Fiquei cego.
Tornei-me surdo.
Fiz-me "o" mudo.
Inundou o meu deserto, a sede.
Purificou a árvore pagã, o raio.

Subliminar, pleno, intátil.
Volúvel.

Tentativas inúteis.

Experiência escrita nos pergaminhos de Al-Aqsa.

Verdade tola demais para ser creditada.

Vida inútil demais para ser preservada.

Solidão amante demais...

para ser descartada!


Zu ewigkeit!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"Gaudium et nom felicitas"


As palmas se encontravam vigorosamente ante à marcha rumo à morte.

As vaias denotavam a aproximação da forca.

Cada passo na subida da escada era como um segredo desvendado.

O riso zombeteiro ribombava nas colinas enquanto a corda era posta envolta ao pescoço.

O olhar ansiava pela queda do corpo pela abertura do cadafalso.

Mãos se apertavam a cada suspiro espásmico do corpo esvaindo-se em vida.

"Lágrimas e versos provinham de corações bondosos!"

Despojos lançados ao cadáver eram o prêmio por sua traição.

Ao cair o corpo ao solo, sem vida, a turba diluía-se.

- Terminara mais um espetáculo!

A "humanidade" destruía a sí mesma por não conceber o perdão.

O homem (que) se julgava senhor de toda a sabedoria.

O morto repousava (agora) indigente.

A morte reinava prazerosa em meio à vida - aguilhão em riste.

Mansidão?
Mutila-se o fraco!

Justiça?
Oprime-se o pobre!

Clemência comprada por trinta moedas de igual valor em uma praça fétida.

Onde está o amor?
Impropérios à inocência!

Os habitantes do abismo não conhecem o sentimento.

A casa da perversidade tem na alma o seu próprio veneno.

"O coração bondoso derrama-se em lágrimas ante o abandono!"

Ei-lo em sua lápide:

...



Zu ewigkeit!

- O grifo refere-se à letra da música Gaudium, da banda alemã de gothic poet metal Krypteria, faz parte do álbum Liberatio, lançado em meados de 2003.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Conteúdo Volátil!

O Astro-Rei vem despertando o Planeta!
Chegada é a hora do meu repouso.
Um horizonte multicores se apresenta ante o velho homem - cansado de mais pra viver!
O menino tolo é daltônico;

O mar calmo encena uma vida misteriosa!
A juventude gaudia-se à areia.
As lites pontiagudas emergem das entranhas da terra árida - demonstrando a força do seu existir!
As mulheres usam-nas para lançarem de si os seus despojos;

As árvores perdem-se em folhas verdejantes!
Uma mudança refaz o tempo.
As nimbus descarregam-se de suas águas - força que perde a consistência!
A criança busca refúgio junto aos ratos;

As flores desabrocham em Mil chamas!
Missivas partem sem destino.
A sabedoria é requerida pelos jovens que não a despojam - dera eu a vida em torno dela!
A idade esconde-se atrás do medo;

O Sol e a chuva: o que se doa é covarde.
As flores e os espinhos: o medroso bate em fuga.
Sem cor, o colorido: a permanência implica em morte.

Antagonismos não explicáveis.
Verdades mentirosas balbuciadas numa noite quente de inverno.
Mentiras verdadeiras apregoadas a sombra da cruz.

E morre mais um poeta sem rima!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O tinteiro...

Não pedi pra nascer.
Não quis sonhar.
Não desejei aprender a amar.

Apenas quisera ser igual.
Apenas quisera o experimento da entrega.
Apenas quisera sentir-me parte de um todo não divisível.

A solidão fora companheira de mais.
A vida insípida não se deixava passar.
O rancor guardado infundava a vivência.

Ansiava por companhias magistrais.
Ansiava pelo pulsar de um coração ardente.
Ansiava pelo perdão que não poderia ser doado.

A história não parecia ter fim.
Três supulcros se alinhavam descobertos.
Perdas que se assomavam ao dissabor vil da existência.

Esperava por paciência.
Esperava pelo fim de uma busca.
Esperava por encontrar um sentido real.

Hades!
Se'ol!
Ge'ena...

Animais em volúpia.
Desejos corpóreos.
Lar não alcançado.

A primeira página se abre.
A contra-capa tremula.
O "FIM" é divisível adiante.

Livro escrito na carne da pele.
Letras garrafais comoventes.
Vazio inerrante ao miserável e analfabeto ladrão.

Um livro em branco.
Uma rosa negra.
Um tinteiro transbordante.

Letras não fazem sentido ao iletrado.
Aromas não podem fazer diferença aos que não os sentem.
O tinteiro incólume.

Um depositário infiel do líquido que escreve meu destino.
Linhas tortuosas cobertas por garranchos insanos.
O tinteiro usado.

Minha existência foi grafada em cerdas vegetais.
Num cenário que em brasas se consome.
Os sete oceanos transpassados não poderiam a salvar.


Zu ewigkeit!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Assolação

O médio planeta habitado gira em sua órbita.
Eu permaneço inerte nesta imensidão.
Não quero compreender sentimentos.

Os mares rebatem a aproximação da "porção seca" com suas ondas vorazes.
Eu o observo em tranquilidade e paz (na minha guerra interior).
É impossível não notar sua vibração.

O firmamento anuncia o Magestoso Astro a raiar.
A minha sina se reinicia sob o cantar dos pássaros.
É inútil tentar fugir de uma linha já dantes traçada.

As estrelas pontilham o céu.
Eu as admiro, são como jóias da Astro-mãe.
Sua beleza é inconfundível.

Os rios secam em seus leitos antes verdejantes.
Fui eu quem retirou a primeira árvore de lá.
O meu pecado faz mal a toda a humanidade.

As árvores padecem sob a insolação.
Fui eu quem provocou o desmate.
Minhas ações reverberam o que vai na minha vil alma.

As crianças choram sem um motivo.
Eu as engano sempre que sobrepõe-se a minha ironia.
São surdas, cegas e mudas, não se apercebem de nada.

A minha memória está fraca!
Sou uma sílfide que bebe o próprio veneno.
Num mar de sangue devo padecer.
Morte, doce alento que lenta e zombeteira me acerca!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Golden Leaves - Tradução

Ramos Dourados


Como uma mina de ouro
Meu coração é explorado
Após retirar todas as riquezas
Estou sozinho novamente

Imundície
Pobreza
Tudo está arruinando o órgão que bate no peito
E isso provoca dor
Mas eu luto para me manter sempre em pé
Mesmo chorando
Mesmo sofrendo

Há árvores ao meu redor
Caídas
Troncos Quebrados
Elas também choram e sentem uma enorme dor
Mas não se prostram
Usam a sua própria morte para renascer
Abrigam o que está sob seus ramos e suas folhas
Ela se torna uma fonte de vida para alguém

O retornar da esperança em meio a lágrimas
Amor
Paixão
Coragem e força

Solicitude não tão vista:
Eu sou um poeta grego!
Confrontado com o tridente de Netuno e espada de Hades
Me resta tempo para um desespero cruel que assola minha alma
Suicida
Corrida  mais fácil - sem maratona
Bobagem grande demais - não há sabedoria
Trata-se de mim - sempre!



Zu ewigkeit!

domingo, 31 de janeiro de 2010

Inconsistência


Verdade!
Conceito podre para quem vive a mentira.
Engano!
Atitude insana que oculta a agonia de um ser.
Sentir-me tolo por não conseguir compreender.
Por compreender que não sinto,
Cerco-me do teu olhar.
Elenco uma série de situações que jamais viverei.
Entro no seu mundo com minha vida rota.
Trago-te uma esperança miserável em cuja qual, perdi o meu bem precioso.
Cravo no peito do Destino a lança que mais tarde me fará parar de bater o músculo doador da vida.
Não há compreensão do sentimento.
A razão enlutada refugia-se num celeiro em chamas.
A paciência foi menosprezada.
O desejo pulsa reprimido.
Ao pensar que se encontrou o caminho.
Percebe que seu caminhar apenas retrata a sua insapiência em saber para onde ir.
Bússola que aponta para o Sul.
Vela sem chama.
Rios sem correntezas.
Saber imoral, repugnância maligna de outrora.
Construção infame de um muro ao redor de um mundo destruído.
Fortalezas sem calabouço.
Não.
Nada passa!
Não há uma noite que não seja insone.
Os dias não denunciam sua beleza.
As sombras das árvores não conduzem ao repouso.
O vento infame rouba suas folhas.



Zu ewigkeit!

Soberbo

Segredo inconfessável.
Desejos íntimos,
No sentir do olhar sobre a pele.
Uma carícia por fibras mais sensíveis,
Uma dor aguda, qual estaca cravada ao peito.
Lágrimas amargas,
Pensamentos lascivos que conduzem ao nada.
Coração sensível e maldoso.
Sonhos que jamais se concretizarão,
Realidades indispostas.
Passado negro para um futuro insignificante,
Ansiando pela escuridão ainda que seja agradável a luz do dia.
Coniuge da vida.
Amante da morte.
Sufocando em busca de ar,
Soterrando-se cada vez mais em irretornável sepulcro.
Um ser vazio,
Que ainda que morto faria valer sua lacuna.
Uma lápide sem epitáfio.
Retorno a um respirar incompleto.
Admirador das aves,
Quando apodrece preso a um solo infértil.
Orgulho bobo de uma águia cega,
Abutre abandonado pelos seus iguais.
Inatividade invasiva.
Cardio petrificado.
Gélido olhar.
Dissaboroso aposte.
Imóvel cor.
Atributo nefando após o terceiro dia.
Favor imerecido após três mil e duzentas anos de lamento laico.



Zu ewigkeit!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Golden Leaves...

As a gold mine
My heart is explored
After withdrawing all the riches
Alone again I'm left

Dirt
Poverty
Everything is ruined the environment that beats chest
And it causes pain

But I fight to keep me always standing
Even crying
Even suffering

There are trees all around me
Fallen
Broken trunks
They also cry and feel a huge pain
But do not prostrate
Use their own death to be reborn
Composting what is beneath its branches and its leaves
The fallen tree and smashed
It becomes a source of life for someone else
Returns hope amid tears
Love
Passion
Courage and strength

Maws'm not so
I am a Greek poet
Faced with the Neptune's trident and Hades' sword
About to give myself time to cruel despair that plagues my soul
Suicide
Check out more easily - no marathon
Silly too big - no wisdom
This is me - I always!
 
*Henry nearly died to write this text... Version Year: April, 21, 1993.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Seoki - A cria.


   Pararam o carro em frente ao pequeno terminal de passageiros, a brisa do mar, o cheiro de peixe, as aves esvoaçantes que intentavam ganhar algum alimento, aqueles homens de pele escura, rostos magros, mãos grandes e pés descalços, com os torsos nus a brilharem sob um sol de mais de 35° e o vai e vem de pessoas era muito legal.
Seu irmão foi lhe mostrando as coisas:
   - Aquilo ali se chama trapiche. Os pescadores encostam o barco e descarregam o pescado que vai pra lá. Tá vendo?
   - Sim. Mas calma aí, como eles fazem pra içar os isopores? Isto tem mais de quatro metros de altura!
   - Ah, é! Só que eles retornam com a maré cheia, quando ela enche a água fica por aqui assim.
   Disse mostrando em uma pilastra do pequeno porto uns sulcos, provocados obviamente, pela força das águas.
   - Tem-se idéia de quantos pescadores há por aqui?
   - Acho que uns mil ou mais. A vila vive basicamente da pesca e do comércio do pescado.
   - Rola muito dinheiro então. Percebi que tem muitos caminhões saindo de próximo daquilo lá. O que funciona lá?
   - Onde?
   - Aquela casa verde alí, ó!
   - Ha ha ha ha, lá é o mercado do peixe. Quer ir lá? O cheiro é bem forte.
   - Vamos, não tem nada a perder né? Qualquer coisa a gente pula na água e sai limpinho. Água do mar tem propriedades terapêuticas e o melhor: tudo de graça!
   - Lá vem você com esta mania de saúde!
   - Mania?
   - É!
   Ao chegarem no Mercado ele põe a mão ao nariz.
   - Hei, não faz isto! Pode ser compreendido como ofensa. Deixa de frescura é só cheiro de peixe!
   - Claro que é! Mas tinha que ser tão forte?
   ...
   - Essa coisa é de verdade?
   - Claro que é, besta. Se chama Pescada Amarela e aquele outro é o Melro, dizem que pode chegar a 150 kg.
   - Legal, mas vamos sair daqui, está me embrulhando o estômago esse cheiro.
   - Ha hahahaha, dois "F"!
   - O que?
   - Fresco e fraquinho! hahahahahaha.
   - Dane-se, vamos sair daqui!
   Quando se aproximaram do meio fio, um que distante do forte cheiro do mercado ele se volta pra vala.
   - Que foi?
   - Olha, um cachorrinho!
   - Eu sei, vi ele aí. Coitado, vai morrer antes que amanheça.
   - Por que? Por que tu acha isto?
   - Já viu o tanto de urubus que sobrevoam aqui? Já viu o tanto de feridas que esse coitado tem? Ele nem pelos tem, só esse chumaço na cabeça, o resto é só ferimento!
   - Ele não vai morrer!
   Atravessou a rua em direção a um contâiner de lixo e sacou uma caixa de sapatos de lá.
   - Peraí, pirou? Deixa esse bicho aé. Ele fede. A mãe não vai querer esse bicho lá em casa!
   - Vamos ver!
   Pegou o bicho que mal podia abrir os olhos, com um pedaço de madeira que estava por alí e coloco no fundo da caixa de sapatos.
   O bicho era, realmente, muito feio! Tinha um chumaço de pelugem no alto da cabeça, as pontas da orelha e cauda dilacerados, as patas enormes certamente por inchaço e de todo o seu corpo corria um líquido pegajoso. O pobre animal sangrava em vida, abria a boca e mal conseguia ganir, pela dor que, aquele simples movimento estava lhe causando.

Continua...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Estória de Limões*


Cansados de tanto espremer limões estavam todos sentados no pórtico de entrada. Agora, simplesmente os descascavam. De repente lhe ocorreu que realmente ele sabia o que se passava na cabeça dos outros. Mas como podia ser isto? Ele simplesmente conseguia ouvir o pensamento alheio? Sentiu-se estranho! Afinal, estava apenas descascando limões... limões eram uma propensão a leitura de mente de algumas pessoas? Qual era a história dos limões. Que frutas, se é que eram frutas, eram estas? Pegou uma delas e examinou à altura dos olhos.
- Que foi Toni?
- Nada...
- Esta cara não parece uma cara de “nada”.
- E como é uma cara de “nada”?
- Não sei mas, com certeza, não é esta!
- Me deixa, ta bem?
- Então?
- Se te disser tu não acredita mesmo!
- Diz logo, moleque!
Toda as vezes em que o irmão mais velho o tratava assim, ele sentia vontade de voar-lhe ao pescoço e esganá-lo.
- Eu consigo saber o que as pessoas pensam.
- O que? - O irmão gritou incrédulo.
- Você está pensando naquela menininha que fica na porteira da fazenda de baixo.
- Mãe, o Toni ta inventando estórias!
A mãe não deu importância, apenas olhou pra eles de onde estava.
- Vocês não tem mais o que fazer? Terminem já com estes limões que o pai de vocês já está chegando e nada de refresco...
O irmão se levantou e saiu correndo com o estilingue em punho atrás de uma revoada de andorinhas que ziguezagueara por ali.
- Eu sei o que você pensou Arthur, agora já sei onde fica quando quer ver a menina tomando banho! Hehehehehe.
E continuo descascando os três limões que ainda restavam.




Zu ewigkeit!

*O fato, a narrativa, ambiente e pessoas são personagens fictícias qualquer semelhança terá sido mera coincidência!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Entrementes...


Uma casinha ao pé da colina.
Uma arvore no meio do vale.
Um rio no ermo.
Um oásis em pleno deserto.
Uma vida sem rumo.
Um destino perdido.
Uma alma que vaga entre as brumas.
Uma foice pronta para a sega.
Um ceifeiro que não sabe o que fazer.
Um caminho que não pode ser visto.
Um elo que não pode ser ligado.
Um rumo sem vida.
Uma aridez implacável.
Um pântano atenuante.
Um ser lançado a solidão.
Vidas que se deixam ficar!

Estrada sem volta.
Luz que jamais iluminará.
Roteiro que não será lido.
Aroma que não será sentido.
Luar que não será contemplado.
Ilusão que não será contungida.
Sentimento que não será correspondido.
Insanidade que não será atestada.
Vida que não será vivida.
Paz que não será encontrada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Labirinto...



Eu não queria ser legal, só queria ser eu mesmo.
Não queria abaixar a cabeça quase sempre.
Viver num mundinho inventado.
Ter ilusão proposital para cada vez que alguém erra comigo.
Chorar no escuro para continuar passando a impressão que sou forte.
Permanecer longe, quando, o que mais queria era estar perto!
Ficar parado, inerte, quando a dança me convida bruscamente.
Amar quando nem sei o que poderia vir a significar esse termo.
Ter coragem quando deveria acovardar-me.
Demonstrar ansiedade quando minha alma jaz tranquila em sua tumba.
Dizer que senti quando não sei o que é sentimento.
Queria voar pra não ter a sensação de que o chão me mantem preso à ele!
Pensar mais em mim quando ninguém mais pensa.
Tomar minhas decisões erradas e não me angustiar pelas suas consequências.
Queria morrer afogado em um mar de lama gelado.
Pra ser anestesiado.
Pra não ver o momento exato do exausto.
Pra não ser encontrado!
Nascer não era substancial.
As linhas tênues do destino eram ingênuas.
Terminar sempre no começo e começar sempre no fim são minhas metas.
Sozinho.
Abandono.
Desprezo.
Adjetivos indóceis pra um viver amargo.
Vida selvagem sem ar puro.
Momentos insones de um zumbi desperto.
Vantagens sobre quem não percebe a vida.
Nostálgico!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Ravenheart!



Impropérios sentimentais!
Menino natimorto.
Ressurgido das sombras de um coração.
- A perfeição falece afogada em uma tarde cinzenta -
Não há choro.
Não há luto.
Lágrimas não rolam.
Ao sepultarem o terceiro dia apercebem-se.
Lâminas tubulares vítreas lhe cercam o músculo cardíaco.
- A ceifa foi tragada por sua própria vitória -
O pai, o desprezo, o sorriso.

A maré se desenrola em ondas devolvendo a vida.
Pios na noite, pássaros em agonia.
- A felicidade foi desprovida de suas asas -
O destino sequencial não tarda em reordenar-se.
Sem riso.
Sem fausto.
Gáudio dissoluto.
Ao despertar de uma manhã o sol torna-se sangue.
Olhares que se entregam em plena volúpia.
- A companhia é carente em sua própria oferta -
O filho, a alegria, o lamento.

Inseguranças emocionais!
Pensamentos irracionais.
Providos de uma célere lembraça.
- A razão não mais é desejada -
A vida sem luz, jaz equânime à beira do abismo.
Sem sabor.
Sem cor.
Movimentos incólumes.
Ao som da música se refaz o caminho.
A melodia atenta ao laço.
- Os ritmos sonoros envolvem um novo alvorecer -
O amante, o desespero, o bem querer.