domingo, 31 de janeiro de 2010

Inconsistência


Verdade!
Conceito podre para quem vive a mentira.
Engano!
Atitude insana que oculta a agonia de um ser.
Sentir-me tolo por não conseguir compreender.
Por compreender que não sinto,
Cerco-me do teu olhar.
Elenco uma série de situações que jamais viverei.
Entro no seu mundo com minha vida rota.
Trago-te uma esperança miserável em cuja qual, perdi o meu bem precioso.
Cravo no peito do Destino a lança que mais tarde me fará parar de bater o músculo doador da vida.
Não há compreensão do sentimento.
A razão enlutada refugia-se num celeiro em chamas.
A paciência foi menosprezada.
O desejo pulsa reprimido.
Ao pensar que se encontrou o caminho.
Percebe que seu caminhar apenas retrata a sua insapiência em saber para onde ir.
Bússola que aponta para o Sul.
Vela sem chama.
Rios sem correntezas.
Saber imoral, repugnância maligna de outrora.
Construção infame de um muro ao redor de um mundo destruído.
Fortalezas sem calabouço.
Não.
Nada passa!
Não há uma noite que não seja insone.
Os dias não denunciam sua beleza.
As sombras das árvores não conduzem ao repouso.
O vento infame rouba suas folhas.



Zu ewigkeit!

Soberbo

Segredo inconfessável.
Desejos íntimos,
No sentir do olhar sobre a pele.
Uma carícia por fibras mais sensíveis,
Uma dor aguda, qual estaca cravada ao peito.
Lágrimas amargas,
Pensamentos lascivos que conduzem ao nada.
Coração sensível e maldoso.
Sonhos que jamais se concretizarão,
Realidades indispostas.
Passado negro para um futuro insignificante,
Ansiando pela escuridão ainda que seja agradável a luz do dia.
Coniuge da vida.
Amante da morte.
Sufocando em busca de ar,
Soterrando-se cada vez mais em irretornável sepulcro.
Um ser vazio,
Que ainda que morto faria valer sua lacuna.
Uma lápide sem epitáfio.
Retorno a um respirar incompleto.
Admirador das aves,
Quando apodrece preso a um solo infértil.
Orgulho bobo de uma águia cega,
Abutre abandonado pelos seus iguais.
Inatividade invasiva.
Cardio petrificado.
Gélido olhar.
Dissaboroso aposte.
Imóvel cor.
Atributo nefando após o terceiro dia.
Favor imerecido após três mil e duzentas anos de lamento laico.



Zu ewigkeit!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Golden Leaves...

As a gold mine
My heart is explored
After withdrawing all the riches
Alone again I'm left

Dirt
Poverty
Everything is ruined the environment that beats chest
And it causes pain

But I fight to keep me always standing
Even crying
Even suffering

There are trees all around me
Fallen
Broken trunks
They also cry and feel a huge pain
But do not prostrate
Use their own death to be reborn
Composting what is beneath its branches and its leaves
The fallen tree and smashed
It becomes a source of life for someone else
Returns hope amid tears
Love
Passion
Courage and strength

Maws'm not so
I am a Greek poet
Faced with the Neptune's trident and Hades' sword
About to give myself time to cruel despair that plagues my soul
Suicide
Check out more easily - no marathon
Silly too big - no wisdom
This is me - I always!
 
*Henry nearly died to write this text... Version Year: April, 21, 1993.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Seoki - A cria.


   Pararam o carro em frente ao pequeno terminal de passageiros, a brisa do mar, o cheiro de peixe, as aves esvoaçantes que intentavam ganhar algum alimento, aqueles homens de pele escura, rostos magros, mãos grandes e pés descalços, com os torsos nus a brilharem sob um sol de mais de 35° e o vai e vem de pessoas era muito legal.
Seu irmão foi lhe mostrando as coisas:
   - Aquilo ali se chama trapiche. Os pescadores encostam o barco e descarregam o pescado que vai pra lá. Tá vendo?
   - Sim. Mas calma aí, como eles fazem pra içar os isopores? Isto tem mais de quatro metros de altura!
   - Ah, é! Só que eles retornam com a maré cheia, quando ela enche a água fica por aqui assim.
   Disse mostrando em uma pilastra do pequeno porto uns sulcos, provocados obviamente, pela força das águas.
   - Tem-se idéia de quantos pescadores há por aqui?
   - Acho que uns mil ou mais. A vila vive basicamente da pesca e do comércio do pescado.
   - Rola muito dinheiro então. Percebi que tem muitos caminhões saindo de próximo daquilo lá. O que funciona lá?
   - Onde?
   - Aquela casa verde alí, ó!
   - Ha ha ha ha, lá é o mercado do peixe. Quer ir lá? O cheiro é bem forte.
   - Vamos, não tem nada a perder né? Qualquer coisa a gente pula na água e sai limpinho. Água do mar tem propriedades terapêuticas e o melhor: tudo de graça!
   - Lá vem você com esta mania de saúde!
   - Mania?
   - É!
   Ao chegarem no Mercado ele põe a mão ao nariz.
   - Hei, não faz isto! Pode ser compreendido como ofensa. Deixa de frescura é só cheiro de peixe!
   - Claro que é! Mas tinha que ser tão forte?
   ...
   - Essa coisa é de verdade?
   - Claro que é, besta. Se chama Pescada Amarela e aquele outro é o Melro, dizem que pode chegar a 150 kg.
   - Legal, mas vamos sair daqui, está me embrulhando o estômago esse cheiro.
   - Ha hahahaha, dois "F"!
   - O que?
   - Fresco e fraquinho! hahahahahaha.
   - Dane-se, vamos sair daqui!
   Quando se aproximaram do meio fio, um que distante do forte cheiro do mercado ele se volta pra vala.
   - Que foi?
   - Olha, um cachorrinho!
   - Eu sei, vi ele aí. Coitado, vai morrer antes que amanheça.
   - Por que? Por que tu acha isto?
   - Já viu o tanto de urubus que sobrevoam aqui? Já viu o tanto de feridas que esse coitado tem? Ele nem pelos tem, só esse chumaço na cabeça, o resto é só ferimento!
   - Ele não vai morrer!
   Atravessou a rua em direção a um contâiner de lixo e sacou uma caixa de sapatos de lá.
   - Peraí, pirou? Deixa esse bicho aé. Ele fede. A mãe não vai querer esse bicho lá em casa!
   - Vamos ver!
   Pegou o bicho que mal podia abrir os olhos, com um pedaço de madeira que estava por alí e coloco no fundo da caixa de sapatos.
   O bicho era, realmente, muito feio! Tinha um chumaço de pelugem no alto da cabeça, as pontas da orelha e cauda dilacerados, as patas enormes certamente por inchaço e de todo o seu corpo corria um líquido pegajoso. O pobre animal sangrava em vida, abria a boca e mal conseguia ganir, pela dor que, aquele simples movimento estava lhe causando.

Continua...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Estória de Limões*


Cansados de tanto espremer limões estavam todos sentados no pórtico de entrada. Agora, simplesmente os descascavam. De repente lhe ocorreu que realmente ele sabia o que se passava na cabeça dos outros. Mas como podia ser isto? Ele simplesmente conseguia ouvir o pensamento alheio? Sentiu-se estranho! Afinal, estava apenas descascando limões... limões eram uma propensão a leitura de mente de algumas pessoas? Qual era a história dos limões. Que frutas, se é que eram frutas, eram estas? Pegou uma delas e examinou à altura dos olhos.
- Que foi Toni?
- Nada...
- Esta cara não parece uma cara de “nada”.
- E como é uma cara de “nada”?
- Não sei mas, com certeza, não é esta!
- Me deixa, ta bem?
- Então?
- Se te disser tu não acredita mesmo!
- Diz logo, moleque!
Toda as vezes em que o irmão mais velho o tratava assim, ele sentia vontade de voar-lhe ao pescoço e esganá-lo.
- Eu consigo saber o que as pessoas pensam.
- O que? - O irmão gritou incrédulo.
- Você está pensando naquela menininha que fica na porteira da fazenda de baixo.
- Mãe, o Toni ta inventando estórias!
A mãe não deu importância, apenas olhou pra eles de onde estava.
- Vocês não tem mais o que fazer? Terminem já com estes limões que o pai de vocês já está chegando e nada de refresco...
O irmão se levantou e saiu correndo com o estilingue em punho atrás de uma revoada de andorinhas que ziguezagueara por ali.
- Eu sei o que você pensou Arthur, agora já sei onde fica quando quer ver a menina tomando banho! Hehehehehe.
E continuo descascando os três limões que ainda restavam.




Zu ewigkeit!

*O fato, a narrativa, ambiente e pessoas são personagens fictícias qualquer semelhança terá sido mera coincidência!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Entrementes...


Uma casinha ao pé da colina.
Uma arvore no meio do vale.
Um rio no ermo.
Um oásis em pleno deserto.
Uma vida sem rumo.
Um destino perdido.
Uma alma que vaga entre as brumas.
Uma foice pronta para a sega.
Um ceifeiro que não sabe o que fazer.
Um caminho que não pode ser visto.
Um elo que não pode ser ligado.
Um rumo sem vida.
Uma aridez implacável.
Um pântano atenuante.
Um ser lançado a solidão.
Vidas que se deixam ficar!

Estrada sem volta.
Luz que jamais iluminará.
Roteiro que não será lido.
Aroma que não será sentido.
Luar que não será contemplado.
Ilusão que não será contungida.
Sentimento que não será correspondido.
Insanidade que não será atestada.
Vida que não será vivida.
Paz que não será encontrada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Labirinto...



Eu não queria ser legal, só queria ser eu mesmo.
Não queria abaixar a cabeça quase sempre.
Viver num mundinho inventado.
Ter ilusão proposital para cada vez que alguém erra comigo.
Chorar no escuro para continuar passando a impressão que sou forte.
Permanecer longe, quando, o que mais queria era estar perto!
Ficar parado, inerte, quando a dança me convida bruscamente.
Amar quando nem sei o que poderia vir a significar esse termo.
Ter coragem quando deveria acovardar-me.
Demonstrar ansiedade quando minha alma jaz tranquila em sua tumba.
Dizer que senti quando não sei o que é sentimento.
Queria voar pra não ter a sensação de que o chão me mantem preso à ele!
Pensar mais em mim quando ninguém mais pensa.
Tomar minhas decisões erradas e não me angustiar pelas suas consequências.
Queria morrer afogado em um mar de lama gelado.
Pra ser anestesiado.
Pra não ver o momento exato do exausto.
Pra não ser encontrado!
Nascer não era substancial.
As linhas tênues do destino eram ingênuas.
Terminar sempre no começo e começar sempre no fim são minhas metas.
Sozinho.
Abandono.
Desprezo.
Adjetivos indóceis pra um viver amargo.
Vida selvagem sem ar puro.
Momentos insones de um zumbi desperto.
Vantagens sobre quem não percebe a vida.
Nostálgico!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Ravenheart!



Impropérios sentimentais!
Menino natimorto.
Ressurgido das sombras de um coração.
- A perfeição falece afogada em uma tarde cinzenta -
Não há choro.
Não há luto.
Lágrimas não rolam.
Ao sepultarem o terceiro dia apercebem-se.
Lâminas tubulares vítreas lhe cercam o músculo cardíaco.
- A ceifa foi tragada por sua própria vitória -
O pai, o desprezo, o sorriso.

A maré se desenrola em ondas devolvendo a vida.
Pios na noite, pássaros em agonia.
- A felicidade foi desprovida de suas asas -
O destino sequencial não tarda em reordenar-se.
Sem riso.
Sem fausto.
Gáudio dissoluto.
Ao despertar de uma manhã o sol torna-se sangue.
Olhares que se entregam em plena volúpia.
- A companhia é carente em sua própria oferta -
O filho, a alegria, o lamento.

Inseguranças emocionais!
Pensamentos irracionais.
Providos de uma célere lembraça.
- A razão não mais é desejada -
A vida sem luz, jaz equânime à beira do abismo.
Sem sabor.
Sem cor.
Movimentos incólumes.
Ao som da música se refaz o caminho.
A melodia atenta ao laço.
- Os ritmos sonoros envolvem um novo alvorecer -
O amante, o desespero, o bem querer.