sábado, 14 de novembro de 2009

Egoístico


Não quero mais ser bonzinho.
Parecer agradável pra conquistar.
Desfazer de mim, mostrando o que não sou.
Não sei o que é viver!
Nunca soube.
Meus versos são a penumbra da minha alma.
Algo vazio.
Sem sentido!
Amargo!
Estúpido!
Dissoluto!
Só quero ser eu mesmo!
Estranho que seja.
Frio que for.
Distante que aparente.
Transparente ante a verdade.
Incondizente com a mentira.
Com o que se nega a mostrar uma "outra face".
Feliz no meu mundinho fútil.
Fugindo dos que vivem "parecendo ser".
Esnobando os que são felizes por "ter".
Dores não diluídas!
Perdas não somadas!
Tudo ao mesmo tempo.
O mesmo tempo para tudo.
Um novo tempo para um novo mundo.
Meu: egoísticamente meu!

Zu ewigkeit!

Vívida Vida, vivida!


Não somente respirar e suspirar!
Sentir-se parte de um todo indivisível!
Estar além do aquém, do esperado...
Galgar sonhos insones!
Elevar-se à píncaros altissonantes.
Voar, o que não é alado...
Ver o que não é dotado da visão...
Sentir, ao que foi vetado o sentimento...
Tocar, ao que, por incauto ser, intátil...
Emocionar-se ao sentir os raios lunares em banho dérmico espectral.
Sorrir ao sentir a carícia da brisa na aurora.
Enxergar o calor do Astro Rei quando, majestosamente, em seu trono se assenta.
Perceber a beleza de um sorriso.
Dirimir os olhares fortuitos.
Ansiar por gestos dísticos.
No menor, perceber sua grandiosidade.
Na simplicidade, sentir a complexidade.
A palavra dada oportunamente.
A companhia que não enfada.
O andar, que, mais diferente e solitário que seja, denota-se potencialmente diferencial!
Os segundos que somam-se à eternidade!
A compreensão levada à sério!
O respeito velado!
O canto retribuído.
O encanto recebido!
A Vida!
Vivida vida!
Vida vívida!
Vívida vida, vivida!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Epifania"



Outro dia eu estava em um lugar público, sentado jogando conversa no ar. Uma amiga chegou e perguntou se poderia se sentar alí - eu estava na única cadeira disponível - olhei pros seus olhos amendoados e disse:
- Fica a vontade.
Ela não se fez de rogada e sentou-se nas minhas pernas. Normal, afinal, somos amigos de longa monta!
Infelizmente, pelo fato de algumas pessoas terem estranhado o ocorrido, fui mais uma vez, alçado ao legado humano mais sórdido: o julgamento dos valores que os outros querem / tentam nos impor todo o tempo!
Fiquei pensando na nossa condição de amizade, enquanto seres humanos, enquanto criaturas, enquanto seres sociais que somos, ou, então, pelo menos, lutamos por ser!
O qual seria o melhor conceito de amizade?
Liberdade?
Respeito? (longe dos valores arcaicos que tentam, em vão, idealizá-lo, visto que se adequa, cotidianamente...)
Lembro-me de que ao estudar em escolas católicas sempre elucidavam que, ainda que utilizassem de meras figuras de retórica "há amigo mais chegado que um irmão" e ainda, "em todo tempo ama o amigo, e, não angustia se tornará um irmão", ou ainda, "como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem ao seu amigo!" - Esta última grafada na bíblia cristão, no livro de Provérbios capítulo 27 e versículo 17, as demais, não recordo-me...
A amizade é um sentimento conclusivo!
A amizade certifica a companhia de quem expressamos amar, mesmo que sequer percebamos o valor do "ser".
A amizade expressa o que trazemos na alma: querer bem!
A amizade é um turbilhão de saudades!
É um ciclo interminável sutilmente verdadeiro.
É sentir-nos a vontade com quem de nós se aproxima!
É a quebra de modismos à quem confiamos sem reserva.
É um jardim sem cercas à pessoa que conflitamos como amiga.
É perdão garantido por antecipação!
- Valores mantidos por mais que os ferimentos sejam inesperados e mesmo por isto, tomados de súbito... -
É a "droga" que dá vida à alma.
É o sentir-se livre de laços consanguíneos.
É sentir-se vinculado a relacionamentos que revelam potencial unidade!
É a união desmistificada de sexos, raças, cores, credos e rebéis.
É o desvincular dos preconceitos que desmascara as diferenças, oferecendo-se em sinceridade!
Qual paradigma não tenha sido por ela quebrado?
Qual hierarquia, casta, condição, não tenha sido tornada "salvo-conduto" de atitudes tão naturais?
Assim como as rosas negras exuberam sua beleza sob o luar trévico, exalando seu perfume inebriante, afagando a íris que, paradoxalmente, explode em um arco-íris de mil cores!
Assim, a amizade!
Identificada pelo seu exalar benigno de requintado e único aroma impregnado na alma daqueles que (optam por) instam em agregá-la!


Aos meus amigos, vivos, mortos, quer estejam aqui ou em outras vircisses! Hoje sei, mais que nunca, lamorum padirex!