terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Epifania"



Outro dia eu estava em um lugar público, sentado jogando conversa no ar. Uma amiga chegou e perguntou se poderia se sentar alí - eu estava na única cadeira disponível - olhei pros seus olhos amendoados e disse:
- Fica a vontade.
Ela não se fez de rogada e sentou-se nas minhas pernas. Normal, afinal, somos amigos de longa monta!
Infelizmente, pelo fato de algumas pessoas terem estranhado o ocorrido, fui mais uma vez, alçado ao legado humano mais sórdido: o julgamento dos valores que os outros querem / tentam nos impor todo o tempo!
Fiquei pensando na nossa condição de amizade, enquanto seres humanos, enquanto criaturas, enquanto seres sociais que somos, ou, então, pelo menos, lutamos por ser!
O qual seria o melhor conceito de amizade?
Liberdade?
Respeito? (longe dos valores arcaicos que tentam, em vão, idealizá-lo, visto que se adequa, cotidianamente...)
Lembro-me de que ao estudar em escolas católicas sempre elucidavam que, ainda que utilizassem de meras figuras de retórica "há amigo mais chegado que um irmão" e ainda, "em todo tempo ama o amigo, e, não angustia se tornará um irmão", ou ainda, "como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem ao seu amigo!" - Esta última grafada na bíblia cristão, no livro de Provérbios capítulo 27 e versículo 17, as demais, não recordo-me...
A amizade é um sentimento conclusivo!
A amizade certifica a companhia de quem expressamos amar, mesmo que sequer percebamos o valor do "ser".
A amizade expressa o que trazemos na alma: querer bem!
A amizade é um turbilhão de saudades!
É um ciclo interminável sutilmente verdadeiro.
É sentir-nos a vontade com quem de nós se aproxima!
É a quebra de modismos à quem confiamos sem reserva.
É um jardim sem cercas à pessoa que conflitamos como amiga.
É perdão garantido por antecipação!
- Valores mantidos por mais que os ferimentos sejam inesperados e mesmo por isto, tomados de súbito... -
É a "droga" que dá vida à alma.
É o sentir-se livre de laços consanguíneos.
É sentir-se vinculado a relacionamentos que revelam potencial unidade!
É a união desmistificada de sexos, raças, cores, credos e rebéis.
É o desvincular dos preconceitos que desmascara as diferenças, oferecendo-se em sinceridade!
Qual paradigma não tenha sido por ela quebrado?
Qual hierarquia, casta, condição, não tenha sido tornada "salvo-conduto" de atitudes tão naturais?
Assim como as rosas negras exuberam sua beleza sob o luar trévico, exalando seu perfume inebriante, afagando a íris que, paradoxalmente, explode em um arco-íris de mil cores!
Assim, a amizade!
Identificada pelo seu exalar benigno de requintado e único aroma impregnado na alma daqueles que (optam por) instam em agregá-la!


Aos meus amigos, vivos, mortos, quer estejam aqui ou em outras vircisses! Hoje sei, mais que nunca, lamorum padirex!

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