sexta-feira, 3 de julho de 2009

Porta da Escuridão


Deixa-me entrar por ti!
Não há mais motivo para uma existência.
A existência parca. Dissociada da vida e da razão.
Deixa-me entrar!
As sombras envolvem-me desde fora.
O nome não é mais ouvido.
Deixa-me!
Sentimentos se perderam no acaso.
E o ocaso não tem razão de ser.
Deixa!
Não quero estar perdido na luz.
A luz não me afaga.
Deixa!
Me cinge os olhos.
Argui-me e me condena.
Deixa-me!
Mantos me aquecem mais que o que preciso.
Mantos do véu que estende o Astro Rei.
Deixa-me entrar!
Prefiro a ti que me conforta.
Que me cala frente a outra existência.
Deixa-me entrar por ti!
Eu que já relevei.
Eu que já pensei...
Deixa!
Envolve-me com o teu manto negro.
Põe-me um anel de impiedade.
Deixa-me entrar!
Calça-me com a discórdia.
Prepara-me um banquete de vaidade!
Deixa!
Lança-me em rosto que estou em ti.
Para sempre em ti!
Deixa-me entrar por ti!
Porta da Escuridão, anelo dos sábios.
Desventura de iluminados.
Deixa-me entrar por ti!
Para sempre estarei.
Para sempre atrás.
Deixa-me entrar por ti!
Porta da Escuridão.
Janela do meu eu.
Deixa-me entrar por ti!
Deixa-me entrar!
Deixa-me!
Deixa!

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