domingo, 13 de setembro de 2009

Parem!!!


  Desde o nascimento, somos guiados pelas sirenes reais e imaginárias do trabalho. Por isso, esfalfamo-nos, submetemo-nos a estresses variados, fisícos e psicológicos. Aceitamos trabalhar a distâncias enormes de casa. Deixamos nossas crianças a cuidados de terceiros. Suportamos trânsito, poluição de todo tipo, paisagens urbanas e rurais feias e sujas. Enfim, até mesmo o nosso lazser, às vezes, é contaminado com a obrigação de fazer algo, ou seja, cheira a trabalho.
  E, regidos por essas sirenes do trabalho, corremos e aceitamos correr mais, se necessário, sonhando em vão com um dia no futuro em que não será mais preciso correr. E, como se não bastasse, aceitamos a idéia de que tempo é dinheiro. E, se dinheiro é tudo na vida contaminada pelo material, é necessário correr mais...
  Pois bem. Já que gostamos de sirenes, que tal ouvir as novas que já começam a soar de diferentes partes?
  A natureza devastada pela cobiça humana, as culturas humanas, as espécies animais, vegetais e mineirais destruídas, os especialistas do trânsito, os lixões entupidos dos restos de um consumo em grande parte inútil, os estudiosos do estresse do organismo humano e até mesmo uma nova imagem da divindade são as novas sirenes. Todas elas clama em uníssono aos humanos modernos: PAREM de se agitar, PAREM de correr, PAREM de trabalhar tanto!
  Aprendamos as virtudes do ser receptivo, que, mesmo parado, tem o mundo a desfrutar! Aprendamos diferentes formas lúdicas da aventura, da competição, da vertigem, da fantasia, para não sermos vítimas da aventura ou da competição ou da vertigem ou da fantasia que mata... Economizemos tantos esforços inúteis, tanto desejo de correr para chegar a lugar nenhum! Não corramos e, sim, façamos a bola correr ou aprendamos a nos colocar onde ela deverá passar! Aprendamos e desenvolvamos as virtudes da ociosidade criativa por meio de livros, de conversas com os colegas mais preparados ou com terapeutas, e dos bons momentos que todos nós temos no cotidiano! Aprendamos a viver, e não apenas a trabalhar!

Por Luíz Octávio de Lima Camargo
Em Educação para o Lazer 
Zu ewigkeit!

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